A turnê de reunião dos Titãs foi muito mais que um reencontro nostálgico. Para o baterista Charles Gavin, ela representou um desafio físico e técnico que o levou a redescobrir seu próprio ritmo e estilo.
Em entrevista à Novità Music — que disponibilizou o vídeo da conversa aos fãs —, Charles revelou como usou o Moises na preparação para a turnê Encontro. Com o auxílio do app, ele conseguiu isolar as faixas de bateria das gravações originais da banda, praticando diretamente sobre elas. Isso possibilitou que ele recuperasse a precisão dos arranjos clássicos enquanto adaptava sua técnica às demandas atuais.
Neste conteúdo, você pode conferir mais sobre Charles Gavin, a turnê e o papel do Moises nesse processo. Acompanhe!
Quem é Charles Gavin?
Mais que um baterista, Charles Gavin sempre foi uma peça essencial na construção da identidade sonora dos Titãs. Com um estilo único, ele contribuiu tanto para a composição das músicas como para o caráter inovador da banda.
Charles foi crucial para o grupo em cada fase, integrando sua técnica precisa e energia vibrante com as evoluções da sonoridade dos Titãs ao longo dos anos. Ele não apenas acompanhava, mas intensificava cada música com batidas que refletiam o espírito da banda e se conectavam profundamente com o público.
Durante sua carreira, Charles demonstrou uma versatilidade rara, ajustando sua abordagem de acordo com as diferentes experimentações da banda, que transitava entre o rock clássico e um som mais experimental. Sua habilidade de acrescentar intensidade e nuances por meio de variações rítmicas diferenciadas tornou cada faixa dos Titãs memorável e impactante. Esse equilíbrio entre precisão e criatividade não apenas influenciou fãs, mas também inspirou gerações de músicos no cenário brasileiro.
Titãs: Uma banda que marcou gerações
Formada em São Paulo no início dos anos 80, a banda Titãs se tornou um dos maiores nomes do rock brasileiro. Eclético, o estilo misturava rock, pop e influências da música nacional. Suas letras abordavam temas sociais e políticos com um toque de crítica irônica e humor ácido, o que rapidamente chamou a atenção do público.
Ao longo das décadas e das várias mudanças na formação, a essência dos Titãs permaneceu: uma banda comprometida com a inovação, que sabia explorar diferentes estilos sem perder sua identidade. Os Titãs capturaram a essência da sociedade brasileira, abordando temas como alienação, consumismo e a busca por identidade. Algumas músicas muito conhecidas são:
- Sonífera Ilha (1984);
- Go Back (1984);
- Cabeça Dinossauro (1986);
- Comida (1997);
- Epitáfio (2001).
Essas músicas representam as várias fases da banda e suas evoluções ao longo do tempo, desde a juventude inquieta até reflexões mais maduras sobre a vida e a passagem do tempo. A trajetória dos Titãs consolidou a banda como um marco cultural, com uma influência que vai muito além da música, ressoando como parte da identidade brasileira.
A turnê Encontro
Após quatro décadas desde sua formação, os Titãs reuniram-se para uma turnê histórica que celebrou a trajetória e o impacto da banda no rock nacional. Os shows tinham duração de duas horas e contavam com 32 músicas.
A banda passou por várias mudanças de formação ao longo dos anos, chegando a contar apenas com Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto como membros remanescentes.
Em homenagem aos 40 anos de carreira, a turnê Encontro reuniu os integrantes originais: Nando Reis, Paulo Miklos, Arnaldo Antunes, Charles Gavin, Sérgio Britto, Branco Mello e Tony Bellotto. Em tributo ao guitarrista Marcelo Fromer, falecido em 2001, a banda também contou com a participação do produtor Liminha nos shows, preenchendo o espaço deixado por ele no palco.
O que começou com o anúncio de dez apresentações rapidamente se expandiu para quase cinquenta shows, passando não apenas pelo Brasil, mas também por outros países. Encerrada no Lollapalooza Brasil em 2024, a turnê foi marcada por apresentações de alta qualidade e momentos emocionantes, que permitiram ao público reviver a intensidade de uma das bandas mais icônicas do rock brasileiro.
A relevância dos arranjos originais
Para essa turnê comemorativa, os Titãs tomaram a decisão de reproduzir os arranjos originais de suas músicas — uma escolha que carrega o peso de evocar a nostalgia dos fãs enquanto apresenta um desafio técnico para a banda.
A opção por resgatar a sonoridade autêntica das canções exigiu dos músicos uma preparação intensa e rigorosa, especialmente para o baterista Charles Gavin, que relatou os desafios físicos de se manter fiel ao ritmo que caracterizava sua performance nos anos 80.
“Hoje eu acho que sou mais preciso, bato com mais força, mas não tenho a mesma velocidade.” (Charles Gavin)
Essa busca pela precisão dos arranjos originais teve um efeito poderoso sobre o público, permitindo uma conexão direta com as memórias que essas canções despertam. Para os músicos, a decisão também representou um exercício de disciplina e de adaptação, equilibrando a energia da juventude com a maturidade adquirida ao longo dos anos.
A preparação de Charles Gavin para a turnê
Para o retorno aos palcos na turnê Encontro, Charles Gavin adotou uma rotina de preparação que ia além da prática musical. Ele encarou o desafio como um atleta, dedicando-se a um plano de treinos e cuidados específicos para manter a resistência e o vigor necessários.
Além dos exercícios físicos e cuidados terapêuticos, ele contou com uma tecnologia essencial: o aplicativo Moises, que permitiu que ele isolasse faixas e praticasse sobre as gravações originais da banda.
A seguir, exploramos como ele organizou essa preparação, superando desafios físicos e usando ferramentas tecnológicas para trazer ainda mais precisão aos seus arranjos.
Preparação digna de atleta
Para encarar a exigência física de uma turnê de grandes proporções, Charles se preparou como um verdadeiro atleta. Ele contou com acompanhamento nutricional e fisioterápico especializado para suportar as intensas sessões de ensaio e as maratonas de shows. Além disso, realizou exercícios específicos para bateristas, focando na resistência e na técnica para evitar lesões — um ponto crucial ao longo dos anos.
Esse preparo foi essencial para que ele pudesse reproduzir os arranjos clássicos com a energia característica que marcou sua trajetória, ao mesmo tempo em que lidava com a carga física que um repertório extenso e dinâmico exigia.
Desafios e persistência
Apesar de toda a preparação, Charles Gavin enfrentou desafios significativos no caminho. Ele teve que lidar com contraturas e até uma cirurgia de hérnia durante o processo, que poderiam ter facilmente interrompido seus planos de retorno. No entanto, com determinação e o acompanhamento certo, ele persistiu, adaptando seus treinos para focar em sua recuperação.
Sua motivação para superar esses obstáculos vinha não só da responsabilidade de honrar a história dos Titãs, mas também da paixão pela música e pelo palco. O baterista demonstrou que, mesmo após anos de carreira, a vontade de entregar o melhor de si segue intacta.
O uso do Moises: A tecnologia como aliada
Para reviver as batidas que marcaram os arranjos originais da banda, Charles usou o Moises como parte central de sua prática. Ele isolou as faixas de bateria das gravações dos Titãs e tocou junto com as músicas, relembrando cada detalhe dos arranjos.
Em sua entrevista à Novità Music, ele descreveu o Moises como um “aplicativo excelente para bateristas”, destacando o recurso do Metrônomo Inteligente, que foi particularmente útil para marcar o tempo e garantir a precisão de suas batidas. Charles comentou espontaneamente sobre o uso do aplicativo, enfatizando o quanto a tecnologia o ajudou a se reconectar com sua performance original e a se preparar para a turnê.
A combinação de nostalgia com inovação levou Charles Gavin a explorar seus próprios limites. Ele transformou o uso do Moises em um verdadeiro treino de precisão e resistência, não apenas para relembrar memórias, mas para se aprimorar continuamente. Para Charles, o aplicativo tornou-se uma ferramenta valiosa de aprendizado, unindo técnica e paixão — elementos fundamentais em sua jornada de redescoberta musical.
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