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Violão Microtonal: Muito Além dos 12 Tons

Atenção, violonistas! Libertem-se das afinações convencionais e descubram os sons únicos, a teoria e a criatividade do violão microtonal.

A música microtonal tem uma história fascinante que atravessa culturas e séculos. Das composições medievais e sistemas melódicos do Oriente Médio até as bandas contemporâneas de rock psicodélico e experimental, a microtonalidade sempre esteve presente na paisagem musical.

O violão microtonal é um instrumento que permite explorar notas além da escala tradicional de 12 tons, abrindo novas possibilidades na criação musical. Com sua capacidade de produzir intervalos menores que o semitom convencional, esse instrumento oferece aos músicos de todos os níveis a oportunidade de explorar sonoridades únicas e expandir horizontes musicais.

Neste artigo, vamos explorar o violão microtonal. Saiba mais sobre seu funcionamento, os principais músicos adeptos dele e como começar a usá-lo.

O que é um violão microtonal?

À primeira vista, o violão microtonal é muito semelhante ao tradicional. Mas basta olhar um pouco melhor para perceber as diferenças. Com trastes personalizados e ajustáveis no braço, ele é projetado para tocar intervalos menores que o semitom padrão. Ou seja: permite notas impossíveis em um violão comum.

São muito mais trastes, com vários posicionados mais próximos entre si. Isso permite explorar alturas e texturas harmônicas além dos sistemas de afinação convencionais. É possível, ainda, adicionar ou reposicionar trastes para acomodar escalas microtonais, ampliando as possibilidades de experimentação.

A teoria da música microtonal

Na música ocidental, a oitava é dividida em 12 partes iguais, criando a escala cromática tradicional. Já a música microtonal divide a oitava em mais intervalos — 24 (quartos de tom), 31 ou mais.

Com essa estrutura, os violões microtonais permitem explorar escalas e melodias de tradições não-ocidentais, a exemplo da música clássica turca, da folclórica persa, da medieval e da barroca.

Para os violonistas contemporâneos, esse sistema revela um universo de escalas e padrões melódicos únicos. Ele traz possibilidades harmônicas e expressivas totalmente novas.

Violonistas e outros artistas que exploram a microtonalidade

Embora o violão microtonal não seja comum na música mainstream, diversos músicos inovadores têm levado essa arte às massas.

O primeiro destaque é Tolgahan Çoğulu. Pioneiro do violão microtonal, ele desenvolveu um modelo ajustável que permite reorganizar os trastes para diferentes escalas.

Guthrie Govan, conhecido por sua virtuosidade técnica e criatividade experimental, frequentemente explora a música microtonal. Mesmo tocando guitarra, ele aplica técnicas como o bending microtonal, revelando o potencial expressivo delas para músicos avançados.

A banda australiana King Gizzard and the Lizard Wizard tem conquistado grande destaque nos últimos anos. Os dois guitarristas e o baixista incorporam instrumentos microtonais ao seu som psicodélico, demonstrando como esses instrumentos podem enriquecer e expandir os gêneros modernos de formas surpreendentes.

Mas talvez você tenha mais familiaridade com a música microtonal do que imagina. O Radiohead, renomada banda de rock experimental, tem explorado texturas microtonais em suas composições — especialmente por meio do guitarrista e arranjador Jonny Greenwood. Por exemplo, a música Pyramid Song tem estruturas harmônicas com sistemas alternativos de afinação, particularmente em seus arranjos de cordas.

Outros exemplos de bandas que já incorporaram elementos microtonais são Tool, Aphex Twin e The Mars.

Dicas para explorar o violão microtonal

Quer se aventurar no mundo da música microtonal? Temos algumas sugestões para ajudar você a criar sonoridades únicas e interessantes.

Primeiramente, vá devagar. Comece com um violão de quartos de tom para se familiarizar com os conceitos da música microtonal. Aprenda algumas escalas e padrões de acordes básicos — essa é a melhor forma de iniciar sua jornada de experimentação.

Em seguida, mergulhe na música tradicional de culturas que utilizam escalas microtonais. Bons exemplos são:

  • A música folclórica persa e turca;
  • Os maqams do Oriente Médio;
  • Os ragas indianos.

Ouça playlists selecionadas, assista a vídeos didáticos e performances, participe de fóruns online e busque parcerias com músicos de diferentes backgrounds culturais. Esse contato com a música mundial trará uma compreensão mais profunda dos microtons, além de despertar sua inspiração.

Gravadoras tradicionais como Folkways e Nonesuch exploram essa música desde os anos 1950–60. Além disso, selos independentes mais recentes como Sublime Frequencies (fundada pelo guitarrista Alan Bishop dos Sun City Girls) e a Real World de Peter Gabriel têm lançado álbuns fascinantes do gênero.

Por fim, não tema a imperfeição. Tocar violão microtonal requer controle preciso e dedicação, apresentando uma curva de aprendizado desafiadora. Simplesmente abrace os erros em vez de evitá-los. Afinal, as grandes descobertas frequentemente nascem da experimentação.

Qual o futuro do violão microtonal?

A música, a tecnologia e a arte da lutheria evoluem constantemente. Com os avanços nas inovações musicais e nas técnicas de construção, o violão microtonal está se tornando mais acessível e popular.

O campo da música microtonal oferece possibilidades incríveis para violonistas interessados em expandir horizontes sonoros, explorar estruturas musicais ancestrais e ir além das afinações tradicionais. Com um violão microtonal, você pode descobrir novas dimensões sonoras e contribuir para a evolução dessa arte fascinante.

Escrito por Jesse Stanford, Company Cue

Traduzido por Camila Miranda

Guest Author

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